A história de Lilli Brown - Maria Gadú

sábado, 10 de abril de 2010

Paula buscava a tal paz correndo pela praia, e enquanto ela observava a sua volta, seus pés sujos de areia formavam um grande círculo ao redor da margem.
Suas passadas rápidas transformavam tudo e todos em vultos, apenas. Na verdade, não desejava enxergar nada além do mar.
Seus olhos estavam mareados e a visão começava a ficar cada vez mais turva... 
Sim,ela fora atingida por uma corrente de dor e agora ondas se formavam,quebrando-se a cada piscar de pálpebras.
Ainda em movimento, balançava a cabeça com uma ínfima esperança de acordar daquele pesadelo ao qual nunca deveria ter entrado, mas nem ao menos culpa-se por nada,apenas concordou em fechar os olhos para um sonho,digo,um suposto sonho.
Em pequenos intervalos de tempo a água tocava os seus pés totalmente despidos e sensíveis, para que ficassem vulneráveis a aquela carícia frívola do mar ás 23h. As suas sandálias foram deixadas em cima de uma “pedra qualquer”, não poderia ser mais exata, pois não se recordava o local ao certo...
(Respondendo a uma hipotética pergunta sobre as sandálias: não, ela não se importava).
Eu estava um pouco mais distante sentada na areia, próxima a uma “pedra qualquer”, como a grande guardiã das sandálias amarelas de uma desconhecida e esperando o final daquele ciclo vicioso, quando o cansaço a trouxesse em um arrastar de pernas.
Os ponteiros traçavam o seu percurso, eu, apenas a observava e ela, seguia o seu ciclo acelerando ainda mais, iniciando um descompasso repentino. Quer chegar onde ninguém possa alcançá-la, mas o desespero a acompanha, cada vez mais rápido. Ela podia senti-lo, através de sua respiração ofegante e até escutá-lo sussurrar: “Hoje, Paula, eu não quero Paz”.
                      


9 comentários:

  1. coisa mais linda, sempre me surpreendo aqui.

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  2. não quero paz de jeito nenhummmmmmm..
    olha, eu tneho uam havaianas dessa igualzinha..
    hahaha
    ...
    tenho várias coleciono..
    havvaianas e relógios, minha ssegunda paixão!

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  3. Quando não quero paz não vou ao mar...

    o mar me acalma!!!!

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  4. Dessas aflições é melhor observar do que sentir, mas é constante a inversão de papéis na vida que segue, oras com paz, oras prestes a se abalar.

    Beijos
    ;*

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  5. Ah, que agonia, que ânsia de não sei o quê.
    Mas como a Erica: quando eu quero paz, não vou ao mar, porque o mar também me acalma.

    Beijo.

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  6. que cenário perfeito,eu me identifiquei bastante (:



    beeeijinhos ><

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  7. Que coisa mais fofa ^^
    Ameeeeeeeei!

    Beijos linda!

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  8. "Sim,ela fora atingida por uma corrente de dor e agora ondas se formavam,quebrando-se a cada piscar de pálpebras".

    Muito bem escrito, isso.

    Linda, você!

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*escrevendo entrelinhas XD