Enquanto você dormia...
Eu estava de malas prontas, postas sobre a nossa cama
Chego mais perto e observo todos os seus detalhes
Vendo pela última vez tudo que poderia ser uma promessa de felicidade
Todos os “se’s” e verbos no passado me confundem e consomem
Mas já não há ao menos um sonho,
Apenas uma esperança alimentada por incerteza...
Recordações...
O passado devora o presente em voltas
Derramando um pouco desse seu excesso que ainda existe em mim
Roubo um último suspiro...
Agora as lágrimas enferrujam minhas expressões
Sinto teu cheiro, mas não me permito beijar-te
Decidida, afasto-me aos poucos
Admirando teu corpo, teu rosto
Só lhe resta um vago ao teu lado
Lugar agora quente e desarrumado, no qual eu não irei mais deitar
Caminho pelo quarto,
Vejo nossos vestígios pela casa...
Fotos, cartas,roupas pelo chão
Não aceitarei mais tuas migalhas
Piso em poças
Construídas por lágrimas
Brigas nas quais eu suplicava por teu amor
Desamor, “desabor”
Provo o gosto de um olhar sem teu reflexo
Uma boca sem teu beijo
Um amor sem retorno...
Deixo-te com todos os momentos bons
Lembranças que nos tiram o sono às três da manhã
Espero o desespero dessa sua sede de mim
Eu não sou o teu refúgio
Eu não moro mais aqui...
Sigo sem me despedir
Abrindo mão daquilo que nunca possuí
Recuperando meus espaços
Minha vida,meus abraços...
Já não lhe cabem.