A história de Lilli Brown - Maria Gadú

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Malas Prontas


 

Enquanto você dormia...      
Eu estava de malas prontas, postas sobre a nossa cama
Chego mais  perto e observo todos os seus detalhes
Vendo pela última vez tudo que poderia ser uma promessa de felicidade
Todos os “se’s” e verbos no passado me confundem e consomem
Mas já não há ao menos um sonho,             
Apenas uma esperança alimentada por incerteza...
                                                  
Recordações...       
O passado devora o presente em voltas
Derramando um pouco desse seu excesso que ainda existe em mim
Roubo um último suspiro...                 
 Agora as lágrimas enferrujam minhas expressões
Sinto teu cheiro, mas não me permito beijar-te
Decidida, afasto-me aos poucos
Admirando teu corpo, teu rosto
Só lhe resta um vago ao teu lado
Lugar agora quente e desarrumado, no qual eu não irei mais deitar           

Caminho pelo quarto,
Vejo nossos vestígios pela casa...
Fotos, cartas,roupas pelo chão
Não aceitarei mais tuas migalhas

Piso em poças
Construídas por lágrimas
Brigas nas quais eu suplicava por teu amor
Desamor, “desabor”
Provo o gosto de um olhar sem teu reflexo
Uma boca sem teu beijo
Um amor sem retorno...

Deixo-te com todos os momentos bons
Lembranças que nos tiram o sono às três da manhã
Espero o desespero dessa sua sede de mim
Eu não sou o teu refúgio
Eu não moro mais aqui...

Sigo sem me despedir
Abrindo mão daquilo que nunca possuí
Recuperando meus espaços
Minha vida,meus abraços...
Já não lhe cabem.                   

Por: Geane Melo


7 comentários:

  1. sempre achei que uma despedida poderia ser melhor que uma briga.
    Adoro poemas, nunca consigo escrever ;/
    lindo *-*
    bjs

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  2. Despedir sempre é muito chato. deixaria um bilhete e sairia à francesa...

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  3. "Decidida, afasto-me aos poucos"

    me falta isso, essa decisão, essa força.
    que eu a encontre, que eu tenha postura de não olhar para trás.


    =*

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  4. "Mas já não há ao menos um sonho,
    Apenas uma esperança alimentada por incerteza..."

    E de forma silenciosa de contar em detalhes, ainda imagino se ainda pudesse retormar um abraço, um pedaço dele... Mas é como disseste: "um amor sem retorno". Comodidade insana, vamos em busca da felicidade!

    Beijos
    ;*

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  5. Migalha é comida pra passarinho, né?

    Mulher tem que ser tratada como mulher. Se nem galinha come comida de passarinho que dirá uma mulher.

    A-poi-a-da!

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  6. Dói não possuir algo de fato; por isso a partida é mais preferível, menos doída.

    Adorei teu comentário.
    Vou confessar: acho que sou uma besta-fumegante, rs.

    Beijo.

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  7. Adorei tua poesia. E acho que sou suspeita pra falar sobre despedidas, já passei por tantas e todas tão dolorosas... o pior é sentir que aquela despedida será a última e saber que nada pode se fazer.

    "Derramando um pouco desse seu excesso que ainda existe em mim"

    lindo! =*

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*escrevendo entrelinhas XD