A história de Lilli Brown - Maria Gadú

domingo, 17 de outubro de 2010

Andarilho
 




Vejo passos nesta estrada
Sigo os espaços traçados por um desconhecido
E como um andarilho você não tem casa
Estada,parada...
Não faz moradia em mim

E eu não sei aonde estou,nem para onde vou
Apenas sigo pegadas quentes na areia
Caminho em passadas largas,engolindo o vazio entre nós
Moro em todos os caminhos por onde passas
E viverei em todos os lugares ainda descobertos por você

Andarilho,faz de mim teu abrigo
Ou então me diz por onde andas para que eu não siga só...
Para que eu,
encontre as tuas pegadas
E um dia possa te alcançar

Sentada
Não devo mais esperar o silêncio
Que por você um dia será quebrado
Mas se não respondes
Necessito então,que apenas me escute...

Andarilho,faz de mim teu abrigo
Porque aqui onde estou frases se perdem diante do vazio
Minhas palavras são levadas pelo vento
E jamais chegam até você

Andarilho,dono destes pés cansados
Arrastados por léguas a procura de aventura
A tua trilha chegou ao fim
Repouse a tua sombra sobre mim
E enfim,faça-me porto seguro

Sinto que agora posso carregar teu peso em minhas costas

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Nada a Mais.
Sem armadura ou espada, volta pra casa...
Ferido, coração petrificado
Com apenas uma única rosa em suas mãos, despedaçada.

Olha para o horizonte, mas ninguém está a esperá-lo.
Logo, seu olhar fita o chão,
Então enxerga na areia somente a sombra de seu semblante
Sem forma...
Sem luz...
O importante não era o prazer da vitória
E sim, o que perdera com a derrota

Não queria nada a mais
Somente manter o que tinha
Isso lhe bastava.

Mas agora ele está de volta
Sobrando muito do que não é nada
Faltando pouco do que era tudo.
Para o destino foi apenas uma pequena parte...
Mais um ser,uma história...
Entretanto para ele,era o suficiente!

domingo, 2 de maio de 2010

Teatro Mudo.

 Escrevendo ao som de: Beatriz - Ana Carolina

E por trás das cortinas,
a atriz despeja pouco a pouco gotas de dor que escorrem pela maquiagem borrada.

Diante do espelho,olha pela última vez esta noite a sua verdadeira expressão.
Em seguida retoca os vestígios de tristeza...

Se aproxima a hora do espetáculo
O momento é de grande alegria,mas a atriz está triste
Seu talento lhe impõe sorrisos,expressando dias de sol
Por dentro ela se tranca,e então o tempo fecha
Está nublado,corrijo-me!Já chove há algum tempo
Na verdade há meses...

Do outro lado ouve-se apenas os ruídos de conversas
Rostos que aguardam um pedaço da sua ilusão
Sempre fora muito talentosa em iludir
Ao ponto de enganar-se

Voltando-se aos enganados
Eles esperam o "Pierrô"
 

Abertas as "portas"
Finalmente encontra-se exposta
Está em cena:
Teatro mudo
Cenário escuro
Luzes amenas
Para não ouvir os choros
Para não ver as lágrimas

Estreia como estrela
No entanto,sobra-lhe apenas o cadente
Vive seus personagens
Com sorrisos evasivos que vestem sua face,
escondem as expressões

Sua vida foi romance e por fim drama
Se arriscou...
Desejando subir ao local mais alto deste palco

Primeiro,fez-se diálogo
Depois,tornou-se monólogo
E agora?
Seu Teatro é Mudo!

 Lendo: A Fúria da Beleza
"Amo a estrutura doce do teu sal
Essa sua doçura insuspeitável"
"Não só te amo,é mais que isso
Você me inunda e eu transbordo"
(Elisa Lucinda)


domingo, 25 de abril de 2010


Hipóteses poderiam soar como ameaças 


E se hoje eu resolvesse ir embora?Agora?!
Acordar e... Simplesmente ir.
Deixar aqui tudo o que foi bom
Não explicar...
Ou se despedir...
Escorrer pelas paredes
Transpassando os espaços entre a porta
Levando comigo a falta de justificativas.
Perdendo a razão
Como quem perde a si mesmo.

Roubar-lhe por Inteiro e depois sair por ai
Sorrateiramente...                     
Abandonando seus Pedaços
Em uma espécie de...
Fuga!

E se eu lhe enganasse?
E se eu fosse você?
  
  
*As vezes eu me pergunto se o tempo realmente cura ou apenas adormece...
 Meu coração não está em um dos seus melhores dias e não sei até quando
quem sabe nunca...






segunda-feira, 19 de abril de 2010

Passando a Limpo.


Foi inevitável, o fim estava previsto.
Era como se eu sempre soubesse,
Mas não o bastante para retomar
Todo o caminho que eu percorri até aqui.

Não convém tentar reescrever sobre todos os borrões
Que constituem esse presente ao qual nos encontramos.
Na verdade todos os rabiscos foram contornados a caneta
E nada apagará os nossos erros e acertos.

Seria mais fácil inventar uma nova desculpa
Para ao menos tentar me livrar de todo esse caderno.
Construir uma nova história.
Mas nos dias em que se seguem somente tenho passado a limpo
Tudo aquilo que já foi escrito.

E a continuação de toda a trama é apenas mais um ponto[.]
O que se segue é apenas o fim,e ele sim continua[...]
Firma-se cada vez mais,
Dando-me a certeza de que não haverá jamais um nós.

Eu nunca havia experimentado escrever uma historia em teu nome,
Estou continuando por nós dois
Não deixarei as folhas em branco,mesmo com a ausência de tuas palavras
É uma forma de manter tudo aquilo que já esteve bom.

Não nego a minha vontade de arrancar todas essas páginas molhadas
Na qual descarrego meus lamentos todas as noites
Mas a cada página retirada,sinto uma lembrança fluindo e levando você para longe.

As folhas lascam,
Por dentro eu sangro,
Enfim colo todos os pedaços.

                             

sábado, 10 de abril de 2010

Paula buscava a tal paz correndo pela praia, e enquanto ela observava a sua volta, seus pés sujos de areia formavam um grande círculo ao redor da margem.
Suas passadas rápidas transformavam tudo e todos em vultos, apenas. Na verdade, não desejava enxergar nada além do mar.
Seus olhos estavam mareados e a visão começava a ficar cada vez mais turva... 
Sim,ela fora atingida por uma corrente de dor e agora ondas se formavam,quebrando-se a cada piscar de pálpebras.
Ainda em movimento, balançava a cabeça com uma ínfima esperança de acordar daquele pesadelo ao qual nunca deveria ter entrado, mas nem ao menos culpa-se por nada,apenas concordou em fechar os olhos para um sonho,digo,um suposto sonho.
Em pequenos intervalos de tempo a água tocava os seus pés totalmente despidos e sensíveis, para que ficassem vulneráveis a aquela carícia frívola do mar ás 23h. As suas sandálias foram deixadas em cima de uma “pedra qualquer”, não poderia ser mais exata, pois não se recordava o local ao certo...
(Respondendo a uma hipotética pergunta sobre as sandálias: não, ela não se importava).
Eu estava um pouco mais distante sentada na areia, próxima a uma “pedra qualquer”, como a grande guardiã das sandálias amarelas de uma desconhecida e esperando o final daquele ciclo vicioso, quando o cansaço a trouxesse em um arrastar de pernas.
Os ponteiros traçavam o seu percurso, eu, apenas a observava e ela, seguia o seu ciclo acelerando ainda mais, iniciando um descompasso repentino. Quer chegar onde ninguém possa alcançá-la, mas o desespero a acompanha, cada vez mais rápido. Ela podia senti-lo, através de sua respiração ofegante e até escutá-lo sussurrar: “Hoje, Paula, eu não quero Paz”.
                      


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Música
Quem sabe um dia eu consiga explicar esse amor incondicional e sem fronteiras,essa sensação maravilhosa que mistura letras e notas expressando o melhor ou até mesmo o pior de mim,é uma questão de estado consigo.
Talvez para alguns,isso não faça o menor sentido, mas quanto aos meus conceitos, é tudo e um pouco mais.
Um alicerce,meu porto seguro e independentemente de vitórias ou derrotas ela estará aqui mais uma vez : em forma de cordas,papéis,lápis,voz,poemas ou até mesmo canções.
E eu poderia viver o resto da vida repetindo mil vezes as mesmas palavras e os mesmos acordes.
Talvez seja uma obsessão, não posso mais controlar os sons,eles entram e saem da minha cabeça como o vento que sopra os meus cabelos no final da tarde.
É bem provável que esse amor não tenha fim e a cada segundo que passa quero ser melhor e me guiar por um caminho novo, ou quem sabe um instrumento que revele mais uma sensação dentro de uma imensidão.
Ah...como me conforta,completa,preenche e nada substituirá esse espaço dentro de mim,ninguém irá entender ou reconhecer este efeito instantâneo.
Paro diante do ponto mais alto,fundo,aquele abismo no qual você me leva,onde eu me atiro diversas vezes para que você possa me resgatar.
Daqui de cima o meu grito transborda meus medos,alegrias e tudo que trago comigo durante...
Sempre!
Digo frases soltas e o eco de todas as palavras promove uma harmonia .
Tudo no meu ritmo.
Estou em busca de sons e eles vão fluindo em minha cabeça,sem limites ou obrigações.
Dominam a minha essência,escorrem pelas minhas mãos através de algo escrito ou tocado.
É tocando ou cantando que sou mais que um simples mortal,tocando ou cantando vou além do que se pode alcançar,do abismo...além de mim ou do que possa existir,sou letra,sou voz,sou música:Arte de combinar sons para que produza um efeito agradável.

  • Desculpem-me pelo texto humilde,na verdade iria postar mais um de meus contos,mas hoje,depois de tocar uma música aqui no meu cantinho,rs,senti uma vondade imensurável de rever esse pequeno texto,faz um tempo que estava aqui "entocado",rs,ai reli e resolvi acrescentar algumas coisas. Beijú ; ]

Somente uma observação: sabe quando você é cerca de 90% feita de algo? Pois eh !